Os Trinta hoje


Escrevi "Os 30" durante o final de 2009 e o início de 2010. Os tempos estavam difíceis, a crise era global, mas como também já andávamos em crise desde 2001, a malta ia andando (expressão típica portuguesa que tão bem exprime o nosso temperamento) sem se queixar mais do que o costume.

O livro (para quem, escandalosamente ainda não leu!) conta a história de um grupo de amigos dos tempos de faculdade, que se reúnem num jantar depois de muito tempo afastados. É contada por três personagens, com três visões e experiências diferentes da vida, uma das quais até se pode dar ao luxo de viver às custas do marido. 

Ora serve esta crónica simplesmente para dizer que se fosse hoje, o livro se calhar não existia, visto que os amigos continuariam afastados e dificilmente se iriam reunir nos próximos anos ou mesmo décadas. Um estaria emigrado na Noruega, outro no Canadá, outro no Brasil, outro em Angola, outro em Singapura, e outro no interior do país a viver com os pais, depois de ter entregado a casa ao banco. Iam-se mantendo em contacto via Facebook e com uma ou outra ligação via Skype e iam adiando as promessas de uma visita ("vem que só tens de pagar a viagem e podes ficar cá em casa) porque os vinte dias de férias por ano não dão para tudo e é sempre preciso guardar uns quantos para ir a Portugal comer uns caracóis em Agosto.

Ai Portugal, Portugal, ou nas palavras de Pessoa:

"Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silencio hostil,
O mar universal e a saudade."

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