Coitados dos filhos do Ronaldo


Nas últimas semanas não têm parado de sair notícias sobre os gémeos do Ronaldo, nomeadamente artigos de opinião de todas as virgens ofendidas, maioritariamente conservadores e hipócritas, com teorias sobre o direito de alguém fazer filhos por encomenda e sei lá mais o quê. Tenho-me abstido de tecer comentários sobre o assunto porque 1) não gosto de falar sobre os filhos dos outros, e 2) a minha admiração pelo Cristiano Ronaldo, como pessoa e como jogador, levar-me-ia sempre a defendê-lo como se fosse a própria da Dona Dolores.

No entanto, quando vi esta fotografia que o próprio publicou nas redes sociais, não consegui deixar de falar no assunto. E o motivo é muito simples: esta fotografia retrata o mais puro amor, que como tal, deve ser sempre defendido. Não o faço pelo Ronaldo que, não precisa de mim para o defender e está-se pouco barimbando para o que os outros têm a dizer acerca das suas decisões de paternidade. Mas faço-o pelas crianças. Todas as crianças do mundo.

Um dos argumentos dos críticos é que as crianças têm o direito a ter uma mãe. Pois têm. Mas não vejo as virgens ofendidas lutarem pelas crianças cujas mães proíbem o contacto com os pais (conheço tantos…), ou que são abandonadas à nascença, vendidas, negligenciadas, espancadas, violadas por padrastos porque as mães não querem ver, entre tantos outros casos revoltantes e sobre os quais ninguém gosta de falar. Ser mãe é muito mais do que parir. E crescer sem mãe deve ser de facto muito triste, que o digam todos os orfãos, mas mais triste do que isso é crescer sem amor.

Outro argumento prende-se com o facto de não ser justo alguém ter um filho só porque quer, sem estar casado ou a construir uma família estável. Sim, claro, porque todos os casais casados dão óptimos pais e não há registo de maus tratos a crianças no seio de uma família tradicional. E é muito mais giro ter filhos quando Deus nosso senhor quer do que quando estão reunidas as condições financeiras e emocionais para o fazer. Ai, tantos anos a lutar pela emancipação feminina, pelo direito à contracepção, ao aborto, ao planeamento familiar e ainda há mentes que acham que os filhos devem nascer apenas por vontade divina… E já agora, onde fica a revolta para com as mulheres que engravidam à revelia, só porque querem muito ter um filho, sabendo de antemão que não vão ter uma relação com o homem que as engravidou? Aí não faz mal a criança crescer sem pai, sem saber as suas origens, não é?

Há ainda quem defenda que as barrigas de aluguer não deviam servir para comprar filhos. Pois. Mas é exactamente para isso que servem. Quem não consegue ter filhos, paga a uma senhora para os carregar no seu útero. Porque ninguém se submete aos riscos de uma gravidez e de um parto só porque lhe apetece muito e é muita giro. Há quem recorra a barrigas de aluguer em casal, há quem o faça sozinho. Por exemplo, mulheres sem útero que querem muito ser mães. Nesse caso toda a gente se comove. Coitadinha, não podia ter filhos e agora já pode, que maravilha, vai realizar o seu sonho de ser mãe. Ah, mas se for um homem a ter esse sonho, já não pode. Deixem-se de hipocrisia. Quem quer muito ter um filho e se submete a um processo destes, que nem sempre tem desfechos felizes, não o faz por capricho. Faz de coração.

Por último, há o meu argumento preferido: o que é que ele vai dizer às crianças quando elas perguntarem quem é a mãe? Eh pá, esta é mesmo complicada… As crianças vão odiá-lo e ficar traumatizadas por saberem que o pai queria tanto tê-los, sonhava tanto com eles, que não conseguiu esperar até encontrar uma mulher com quem quisesse constituir família e recorreu a uma barriga de aluguer. Deve ser horrível saber que fomos mesmo muito desejados e planeados. Que não fomos fruto de uma pinada de uma noite com uma desconhecida. Que não fomos fruto de uma tentativa desesperada de salvar uma relação. Que não fomos fruto de um acidente. E vão ser as primeiras crianças na história a serem criadas com a ajuda de uma avó. Que coisa horrível! As avós são péssimas, não percebem nada de afeto. Coitadas das crianças, que vão crescer no seio de uma família unida, com um super pai que lhes pode dar tudo, mas principalmente, que pode e quer dar-lhes a única coisa de que todas as crianças do mundo precisam: AMOR.






Comentários

  1. QUE OS OUTROS SEJAM MAIS TOLERANTES COM A SUA OPINIÃO DO QUE VOCÊ COM A DELES. E QUE A SUA ASSERTIVA SABEDORIA NÃO A IMPEÇA DE IR APRENDENDO.

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  2. Cara Filipa Fonseca Silva,da mesma forma que as suas opinadas razões, devam ser respeitadas, digo-lhe, tanto amor assim para dar,e tantas situações de crianças desamparadas, que vivem sem sem Amor, não seria muito mais incondicional se Cristiano Ronaldo adota-se em vez de "comprar" esses filhos?

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    1. ANÓNIMO-Francamente, santa ignorância a sua. Se você não pudesse ter filhos, preferia adotar, ou ter um do sangue do seu parceiro/a? O homem não comprou os filhos. Que frase incoerente e má. O Ronaldo quis ter filhos do seu sangue, qual é o problema? Se o ANÓNIMO é tão moralista assim, porque não adota uns quantos? As pessoas são más gratuitamente, vejo azedume nas suas palavras, a isso, chama-se MALDADE!

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  3. Clap Clap Clap! Assino por baixo Filipa! Sou sua fã desde a maravilhosa polémica sobre amamentação. Concordo a 100%.

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  4. Claro que sim, é isso tudo, eu até acho que se pode fazer fábricas,tipo aviário, para toda a humanidade se reproduzir e de qualquer maneira ... Muito mais prático, e já agora acessível a todos os cidadãos ... Só porque sou muito conservadora, e já agora neoliberal...viva o mercado livre...

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