Beijos


Doces, molhados, ternos, violentos, fugazes, escondidos, repenicados, os beijos são das melhores coisas do mundo, quer para quem os recebe, quer para quem os dá (a não ser que sejamos uma criança e nos estejam a obrigar a beijar as faces poeirentas de uma amiga da avó).

O simples contrair dos músculos faciais tem o poder de nos despertar um sorriso, de nos arrancar uma lágrima, de nos provocar um arrepio. Sentir a pele de alguém na extremidade dos nossos lábios pode ser uma experiência tão casta quanto erótica, mas nunca é indiferente.

Pensem nos melhores beijos que já deram na vida. Eu lembro-me de vários e a cada um deles associo uma memória feliz. Os beijos que dava no pescoço do meu avô quando ele me pegava ao colo num longo abraço. Sabiam a aftershave, mas eram tão bons.... Ou os beijos que dava na cabeça da minha irmã quando esta cabia na minha mão, tão pequenina. Ou claro, o primeiro beijo que dei a um certo e determinado rapaz, que trabalhava num certo e determinado bar de praia, num certo e determinado Verão. 

É claro que também há beijos maus, sobretudo quando passamos dos beijos fofinhos para os beijos de língua. Ora a arte de movimentar a língua é algo que nem todos têm a sorte de dominar. É praticamente um talento e como tal, inato. Quem não tem jeito não se devia meter nisso, por mais horas de treino com copos e espelhos que tenha. É que uma má língua é o suficiente para transformar o que podia ter sido um simples e bonito beijo numa experiência traumática. Mas isso é tema para toda uma outra crónica.

Voltando aos beijos. Pensem nos que deram hoje. Aposto que a maioria só deu beijos para o ar, ao cumprimentar alguém. E se é uma pessoa afectada, daquelas que só dá um beijinho, até esses foram metade do que é suposto. Quem vive acompanhado não tem razão alguma para não começar o dia a beijar todas as pessoas que vivem lá em casa. Não o beijo educado de bons dias, mas o beijo cheio de amor. E quem vive sozinho pode começar por beijar o próprio braço. Depois ganhar coragem para pespegar uns valentes beijos nos amigos e, se lhe der na telha, beijar um desconhecido na rua. Porque não?

Se até a nossa língua nos relembra todos os dias deles! Mandamos beijinhos ao telefone, mandamos beijinhos no facebook, mandamos beijinhos quando nos despedimos de alguém. Mas DAR beijinhos, nisso somos tímidos. E é uma pena. Porque não há nada melhor. Não admira que as velhotas de faces poeirentas queiram sempre tantos. Elas é que sabem o que é bom!

 Alfred Eisenstaedt

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