A catedral

Existem coisas para as quais não existe explicação. Uma delas é o facto de uma fashion victim gostar de futebol.

Sim, o futebol é um bocado pimba, primário, emocional, masculino e, em termos de moda, altamente piroso (já repararam como é que os homens do futebol se vestem? e os cabelos dos jogadores?). Salvam-se apenas o David Beckham e a selecção italiana. Mas o futebol é também uma paixão. E uma paixão tanto ou mais avassaladora quanto uns Manolo Blahnik... Ou seja, eu, fashion victim confessa, não consigo viver sem essa coisa tão pouco sofisticada que é o futebol. Nomeadamente, por um clube que se chama Sport Lisboa e Benfica (vá lá que o vermelho nunca sai de moda).

Porém, não é apenas a minha fraqueza pelo futebol que me leva a escrever esta crónica. O motivo principal é o grande acontecimento a que tive o privilégio de assistir no dia de hoje, 25 de Outubro de 2003: a inauguração da Nova Catedral.

Fim de tarde e lá fui eu rumo ao novo estádio do Glorioso com a mesma alegria com que me dirijo à Stivali. Procurei a porta de acesso ao meu lugar cativo e caminhei triunfante até às bancadas. Como estava à procura da letra Q, olhava para o chão à medida que descia a escadaria da bancada central e só quando cheguei à dita fila é que me lembrei de olhar para cima, para toda a imensidão do estádio, para o relvado, para as outras bancadas que ondulavam em festa. E foi aí que senti algo apenas comparável à emoção de estar perante os melhores vestidos de Gianni Versace na exposição em sua homenagem no Metropolitan em 1998. Ou seja, algo que se sente quando a beleza de algo nos esmaga. Não há palavras para descrever a imponência daquele estádio. A cor, a vida, os cânticos... Simplesmente não há palavras.

Por isso mesmo, termino aqui esta crónica. Se quiserem compreender o que quero dizer, vão até à Nova Catedral e sintam o arrepio ao pisar aquele local sagrado. E viva o futebol, mesmo com as suas cenas pimbas.



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