Paris


Paris is so overrated...

Não consigo encontrar uma expressão portuguesa que traduza melhor o sentimento com que deixei a Cidade Luz. Não é que não tenha gostado. É sem dúvida uma cidade lindíssima, mas não tão mais bonita que outras grandes cidades que conheço.

Escolhi este destino para celebrar o meu quarto aniversário de casamento por acreditar que seria do mais romântico que há. Já lá tinha estado em 1993 (sim, não estou a ficar mais nova) e então achei que era uma das cidades mais fascinantes do mundo. Os edifícios eram lindos, a Torre Eiffel deslumbrante, os jardins refrescantes, os museus grandiosos, Montmartre inesquecível. A questão que hoje coloco é: será que foram os meus olhos de adolescente deslumbrada que viram Paris com um filtro cor-de-rosa, ou a cidade mudou tanto em 18 anos que está irreconhecível? Pode ser um pouco de ambos, mas o que é facto é que, desta vez, Paris saiu do meu top 3.

1) a poluição é assustadora. Entranha-se no nariz e aloja-se na garganta, como se tivéssemos fumado três cigarros de seguida

2) os jardins refrescantes e os museus grandiosos não chegam para tantos visitantes, o que faz com que, perante um Monet ou um Gaugin, desejássemos estar a vê-los num livro, evitando dessa forma os encontrões e as pisadelas

3) as inesquecíveis ruas de Monmartre parecem os corredores do Colombo em dia de jogo do Benfica, nomeadamente no que toca à “pirosada” por metro quadrado

4) as Maisons estão invadidas por americanas histéricas, que querem imitar todos os passos da Carrie nos episódios finais do “Sex and the City”, ou por novos ricos chineses e russos que compram tudo o que podem. Só para terem uma ideia, a Chanel da Avenue Montagne parecia uma Zara e na Chistian Louboutain havia uma fila de espera de vinte minutos só para entrar na loja. Perguntei se era por ser fim-de-semana. Responderam que não.

5) qualquer bistrô com bom ar e com uma esplanada simpática para descansar e trocar juras de amor, não tem nada que custe menos de três euros. É tudo bom e bem confeccionado, mas quando se cobra seis euros por uma coca-cola ( e não, não foi no Ritz) passamos do caro para o assalto à mão-armada

Podem dizer-me que há outras cidades caras e invadidas por turistas até ao insuportável, mas nem por isso menos fascinantes Sim, é verdade. Mas em Nova Iorque posso fugir para o Central Park e comer um cachorro na rua por um dólar e meio. Em Florença posso evitar os encontrões no centro, deambulando por ruelas quase desertas onde me sento a beber um copo de vinho por um preço aceitável. No Rio posso dar uma escapadela até à Joatinga e saborear um picolé por 3 ou 4 reais. Em Paris não. Não se consegue evitar perder a paciência e todos os euros da carteira , seja qual for o bairro escolhido. Penso que a beleza da arquitectura e o peso da história não são suficientes para compensar tudo isto e ainda a antipatia dos parisienses (com a qual sou agora solidária, pois se vivesse lá também não mostrava os dentes a ninguém). Há lugares tão mais bonitos. A começar por Lisboa.

Para mim, não há vista em Paris que se compare ao Miradouro da Graça, nem esplanada melhor do que o Pátio 13, nem bairro parisiense mais encantador que o Chiado. Mas fico muito feliz por tanta gente preferir Paris. Vão todos para lá, a sério. Não venham estragar a minha pequena, luminosa e incomparável Lisboa.




Pôr-do-Sol em Lisboa e em Paris




Quanto à celebração do 4º aniversário de casamento, não posso negar que jantar em Paris com a Torre Eiffel a cintilar como cenário é, de facto, uma das coisas mais românticas que se pode fazer. Pelo menos uma vez na vida.


Feito.









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