Feira do Livro
Quando era pequenina a minha mãe levava-me à Feira do Livro. Era uma emoção sem igual, não só porque implicava uma ida a Lisboa e eu adorava passar na ponte, mas também porque no meio de tantos e tantos livros acabava por trazer sempre um para mim.
Enquanto o meu pai e o meu irmão, pouco dados à leitura, olhavam impacientes para o relógio, eu andava literalmente agarrada à saia da minha mãe a espreitar todas as bancadas à espera de encontrar os infantis. E ainda nem sabia ler. Mas o que importava? Eu gostava tanto de livros que os folheava lentamente e percorria as linhas de texto como se soubesse o que estava lá escrito. Ajudada pelas ilustrações, inventava eu própria as histórias que imaginava estarem ali contadas, frustrada por nunca mais chegar a hora de ir para a escola primária aprender a juntar as letras.
Quase trinta anos depois, vou voltar à mesma feira e calcorrear os mesmos caminhos numa tarde de Primavera. Só que desta vez não é apenas para deambular de bancada em bancada à procura de mais uns calhamaços para a minha colecção. É para dar uma sessão de autógrafos do meu próprio livro. O livro que eu escrevi. E mesmo que não apareça ninguém interessado em ter o meu rabisco, estarei, entre livros, imensamente feliz.
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