Não tenho nada para vestir!

Além das folhas, do vento e da chuva, o Outono traz com ele a esquizofrenia do guarda-roupa. Trata-se de um fenómeno de curta duração que ataca a maior parte da população, com excepção daqueles que, faça frio ou calor, andam sempre de calças de ganga e t-shirt.

Num dia saímos à rua de sandálias e no dia seguinte de galochas. Num dia levamos um casaquinho e no outro arrependemo-nos de ter vestido uma manga comprida. A incoerência é tão grande que quando estamos a escolher a roupa de manhã, se formos à janela observar os transeuntes para nos ajudar na decisão, ficamos ainda mais baralhados. É que vamos deparar-nos, por um lado, com as fashion victim de botas e casaco comprido, que isto de ter os modelitos da nova colecção Outono/Inverno escondidos há semanas no armário já as estava a deixar loucas; e por outro lado, com os viciados do sol de manga curta e perna à mostra, que isto de ter de guardar as havaianas até à próxima Primavera é um suplício e antes apanhar uma pneumonia que colocar a pele em contacto com tecidos mais robustos.

Resultado: por umas meras semanas as mulheres de todo o mundo têm finalmente desculpa para dizer com toda a propriedade (e sem serem alvo de um reviramento de olhos dos seus parceiros) que não têm nada para vestir. Aproveitem!





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