O coração é elástico


Quando se tem um filho o coração começa a crescer. É um facto. Só assim é possível guardar um amor tão grande, tão poderoso e tão incondicional. E é indiferente se são filhos biológicos ou não, porque uma mãe quando é mãe sabe que não interessa de onde veio o filho a partir do momento em que lhe entra pelo coração adentro.

Só que o mais engraçado é que, com o passar do tempo, uma mãe sente literal e fisicamente o coração a crescer. É uma dor pequenina e boa que normalmente aparece quando estamos distraídas a contemplar o nosso rebento ou a vê-lo fazer uma gracinha nova. Pode também surgir a meio da noite, despertando-nos em sobressalto. É como um aperto mas ao contrário e muitas vezes vem acompanhado uma lágrima ou de um soluçar. Por vezes chega a tornar-se assustador, porque parece que o coração vai explodir de tanta emoção. Nesses dias acreditamos que a coisa acabou, que coração já cresceu tudo o que tinha para crescer, que nenhum ser humano aguenta um amor assim, apenas para sermos surpreendidas, meses mais tarde, por outra dorzinha de crescimento. E é então que finalmente percebemos que esta máquina incrível que nos mantem vivos, o nosso coração, é elástico. Mas é elástico até ao infinito, até ao fim dos nossos dias, sempre pronto a receber mais e mais amor. E quantos mais filhos tivermos, mais espaço ele arranja para os acolher e embalar com o seu ritmo metódico, doce e familiar. Tum-tum, tum-tum , tum-tum.

O coração de uma mãe é elástico. Elástico até ao infinito, porque o seu amor cresce e cresce e cresce e nunca mais acaba.




(ilustração por Sofia Silva http://mademoisellesilva.blogspot.pt/)

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