#17: a melhor coisa do mundo é dormir
Dormir, ah dormir... Essa função básica do corpo humano que, como tudo na vida, só valorizamos quando não temos. Claro que qualquer pessoa sabe que, quando tem filhos, vai inevitavelmente dormir menos. Primeiro, porque o recém-nascido acorda de três em três horas, depois, porque deixou cair a chucha ou porque ficou doente ou porque teve pesadelos ou ainda porque fez xixi na cama. É normal, faz parte e não é segredo para ninguém, certo? Errado!
Não é só nessas alturas que uma mãe (e muitas vezes um pai) não dorme. É constantemente, desde que a criança nasce até ao dia em que sai de casa. A verdade que ninguém nos conta é que, com a maternidade, nasce uma capacidade auditiva paranormal, que faz com que consigamos ouvir o nosso filho gemer mesmo a duas divisões de distância e com a porta do quarto fechada, e isso provoca graves perturbações no sono. Também nasce um sexto sentido, que nos acorda durante a noite para nos dizer que ele está todo destapado, está a começar a chocar alguma virose ou esqueceu-se de colocar o despertador para ir à visita de estudo cuja partida é às sete da manhã. E se nenhuma destas situações ocorrer e estivermos convencidas de que vamos dormir umas oito horinhas de seguida, os filhos arranjam maneira de, logo nesse raro dia, que geralmente ocorre durante o fim-de-semana, acordarem mais cedo.
Assim, dormir uma noite realmente descansada começa a ser visto por uma mãe como um luxo arábico. Algo que um dia experimentámos, mas que agora não passa de uma ténue recordação. Como a recordação daquelas férias maravilhosas, por exemplo. Sabemos que elas aconteceram, temos fotografias que o atestam, lembramo-nos do sabor do Mojito, da música que estava a tocar, mas nada daquilo existe para lá da nossa memória. E é por isso que a maioria das mães (e muitos pais), quando conseguem recambiar a prole para casa dos avós, tios, amigos ou para um mero campo de férias, preferem dormir a qualquer outra actividade nocturna.
Os amigos que não são pais ficam chocadíssimos com isto. Mas anda lá beber um copo, que estás sem os miúdos. Não sejas anti-social. Há quanto tempo não sais à noite? Também faz bem descontrair um bocado, dar um pezinho de dança... Esqueçam! Não há hesitação: entre ir para uma noitada com amigos e demorar três dias a recuperar (dois dos quais já na presença das nossas pequenas pestes hiperactivas) e poder dormir um sono retemperador pela primeira vez em meses, a escolha é óbvia. Aliás, já me aconteceu deixar o miúdo em casa dos avós para poder ir a um evento qualquer e, à última da hora, trocar a minissaia pelo pijama e enroscar-me no meu marido a ver um bom filme, seguido de 10 horinhas a dormir.
E se for para ter uma noite de sexo escaldante? Também não. Acreditem: para uma mãe cansada, o prazer supremo é apenas e só uma cama fofinha num quarto silencioso, sem despertadores electrónicos ou humanos. Talvez amanhã, durante a sesta ou quando a criançada estiver naquela festa de anos. Até porque o sexo escaldante foi o que nos colocou neste estado, não foi?
ai concordo! concordo! concordo! 20 meses sem uma noite bem dormida!
ResponderEliminarEstou agora a viver o encanto que é ser avô e poder poupar umas horas de descanso aos pais da criança. Entendi perfeitamente a necessidade de um sono reparador em vez de uma noitada de copos.
ResponderEliminarfartei-me de rir, é mesmo assim
ResponderEliminarSem tirar nem pôr Filipa!! :-)
ResponderEliminarBeijinho
Paulo Pereira
Só falta mesmo o pormenor de que o corpo habitua-se e quando as crianças estão fora uma mãe é bem capaz de aproveitar para arrumar aquele armário,até altas horas!!!
ResponderEliminarComo foi fácil rever-me neste artigo!
ResponderEliminarFez-me sorrir, porque desde há 21 anos que o meu sono é leve, nunca mais dormi aquele sono pesado de solteira. Com filhos de 21 e 19 anos, garanto que os sonos se tornam ainda mais leves é que as preocupações são mais pesadas...
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