O take away salvou o meu casamento
E se antes de ter filhos a coisa se resolvia com uma tosta mista, uma tijela de cereais ou um telefonema à última da hora do tipo “querido, antes de vires para casa passa no chinês”, hoje em dia é impossível não ter sempre algo fresco e nutritivo na manga. Além disso, como defensora da comida saudável e de preferência biológica, não me contento com congelados do hipermercado, cheios de aditivos, conservantes e carnes de origem duvidosa.
Pois este constante planear e pensar em comida estava a causar demasiadas discussões entre mim e o meu marido. Discussões que começam com frases como “outra vez bifes?” ou “o que é que tiraste para o jantar?” e acabavam com “tenho de ser eu a pensar em tudo!” ou “se estás mal, contrata uma cozinheira”.
A primeira epifania que tivemos foi fazer um menú quinzenal onde definimos vinte pratos (dez almoços e dez jantares para os dias de semana) simples de preparar e que fossem do agrado quer dos pais, quer de uma criança menor de dois anos. Foi uma enorme ajuda, até porque facilitava a própria tarefa de ir às compras. Só que, ao fim de uns meses, o que era um facilitador tornou-se um problema, ora porque começámos a enjoar o menu, ora porque não tínhamos ido ao supermercado naquela semana e não tínhamos peitos de frango suficientes para fazer o “strogonoff” do almoço de segunda e a salada de frango do jantar de quinta. Em breve voltámos ao mesmo: “que raio vou fazer hoje para o jantar????”.
A segunda epifania surgiu muito recentemente quando descobrimos um serviço de entregas ao domicílio simplesmente fantástico, o Oh Maria!. Comida muito bem confeccionada, pratos variados e um preço inacreditável (duas doses que dão para nós e para o bebé por menos de €8). Fizemos contas à vida e decidimos que mais valia pagar um bocadinho mais para ter dois ou três jantares por semana literalmente prontos a comer, do que os custos de um terapeuta conjugal.
Nos restantes dias, cozinhamos em quantidades maiores que dêem para congelar para uma segunda refeição ou fazemos pratos básicos e rápidos como o clássico hambúrguer com esparguete ou o incontornável ovos mexidos com salsichas, os quais, acompanhados de uma boa salada e de um sumo natural, não deixam de ser saborosos e nutritivos. (E agora percebo a minha querida mãe e o porquê de comer estes pratos tantas vezes em criança, aos quais se juntava o fantástico frango no churrasco do Sr.António.)
Por isso, jovens casais recém-casados ou recém-pais ou simplesmente preguiçosos da cozinha: não substimem o poder afrodisíaco de uma refeição pronta (bem mais afrodisíaco de que um parceiro a resmungar e com o cabelo a cheirar a refogado). Guardem na agenda telefónica o contacto de um bom take-away ou serviço de entregas ao domicílio para aqueles dias em que estiverem fartinhos de dar voltas à cabeça sobre o que vai ser o jantar. Um pequeno investimento que poderá evitar um “separei-me porque às quartas era sempre bacalhau com natas”.
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