Dia V


Hoje é dia dos namorados. Um dia em que se oferecem flores, bombons e palavras ternurentas. Um dia em que os casais aproveitam para fazer um programa especial ou para dizer o que se esquecem de dizer nos outros dias do ano. Um dia em que as mulheres, mais dadas a este tipo de romantismo, esperam ser mimadas pelos seus companheiros.

No entanto, para muitas delas, é apenas mais um dia em que serão vítimas de diversos tipos violência. Espancamento, violação, mutilação genital, discriminação, escravidão, humilhação. E não, não estou a falar apenas de mulheres desprotegidas dos países do terceiro mundo, onde a tradição manda mais do que a humanidade. Estou a falar de mulheres de todos os países, culturas e estratos sociais.

Em Portugal os dados oficiais apontam para 37 mulheres assassinadas pelos seus companheiros em 2013. E as que não morreram, quantas serão? E as que não são espancadas nem violadas, mas sofrem de violência psicológica, quantas serão?

A coisa piora quando olhamos para as estatísticas globais: uma em cada três mulheres do planeta será violada ou espancada durante a vida. Em termos práticos, podemos colocar a coisa da seguinte maneira:
a) se és homem e tens uma mãe, uma filha e uma mulher, significa que uma delas vai ser (ou já foi) espancada ou violada durante a vida
b) se és mulher e tens uma mãe e uma irmã, significa que uma de vocês as três vai ser (ou já foi) vítima deste tipo de violência.

Uma em cada três representa mil milhões de mulheres. Mil milhões. É difícil de imaginar, não é? Por isso foi criado o movimento One Billion Rising for Justice. Um movimento que pretende que, por cada mulher violentada, outra se levante e fale por ela. Um movimento que organiza exactamente hoje, 14 de Fevereiro, o V-Day, que não é mais do que o dia em que deveremos sair à rua e dar voz a todas estas vítimas. São diversos eventos públicos espalhados por cidades de mais de 200 países, e que contemplam concertos, vigílias, flashmobs ou teatro de rua. Em Lisboa também está agendado um destes eventos. É às 18h30 na Estação Ferroviária do Rossio.

Quem não puder comparecer, tem várias outras maneiras de participar nesta causa e clamar por justiça. Denunciando estes crimes, falando sobre eles, escrevendo cartas às entidades competentes para mudar leis discriminatórias, apoiando financeiramente este ou outros movimentos e associações de protecção de vítimas de violência, de tráfico ou de discriminação, chamando a atenção para estes problemas com um simples post no Facebook, por exemplo. Acima de tudo, tratando as mulheres, de qualquer idade, de qualquer condição, com respeito e dignidade.

Não nos podemos calar. Não podemos parar de lutar. Rise. Release. Dance!






Comentários

  1. Incontornável realidade, tantas e tantas a sofrerem...obrigada por ser diferente neste dia de futilidades! <3

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