Os homens precisam de instruções


Diz-se que na sociedade há os que mandam e os que obedecem. Pois bem, num casamento também, sendo que quem manda geralmente é a mulher. Não digo isto de forma depreciativa para qualquer um dos géneros, e sou a primeira a defender a igualdade. Mas para que uma casa de família se mantenha um porto seguro, tem de haver alguém a pôr ordem nas coisas e, claramente, não são os homens, como nos mostra a história e a antropologia.

O papel da mulher, em diversas culturas, sempre foi cuidar do lar. Nos tempos mais primitivos, faziam-no enquanto os homens iam caçar, mais tarde enquanto os homens iam para a guerra e, mais recentemente, enquanto os homens iam trabalhar. Mas ao contrário do que se pensa, excepto nas classes privilegiadas, as mulheres não se ficavam apenas pela casa: também trabalhavam fora, fosse no campo, a servir, numa fábrica ou no comércio. Ou seja, o cérebro feminino, que já por si trabalha com os dois hemisférios ao mesmo tempo, o que faz com que a mulher seja mais intuitiva e capaz de executar várias tarefas em simultâneo, foi-se aperfeiçoando ao longo dos séculos, tornando-se mais eficiente nesta coisa de gerir casa, trabalho e necessidades emocionais de toda a família. Já os homens... Bom, os homens são supereficientes em quase tudo a que se propõem, desde que seja uma coisa de cada vez.

Não se deve esperar que um homem, depois de um dia de trabalho, chegue a casa e se aperceba imediatamente das infinitas tarefas que ainda há para fazer. Eles não percebem que o cesto da roupa está cheio, que a loiça tem de ser arrumada nos armários, que aquele quadro está para ser pendurado há três meses, que a saboneteira está vazia, que o leite está a acabar. Não é por mal, acreditem. Na maioria dos casos (pelo menos nas gerações mais novas, em que a divisão de tarefas é algo normal), nem é por acharem que não têm essa responsabilidade. É simplesmente porque precisam que alguém lhes diga o que fazer e, sobretudo, como fazer.

É precisamente por isso que as mulheres têm de assumir o comando e dar instruções. E quanto mais específicas melhor. Não basta pedir que ponham a roupa na máquina. Há que dizer que é só a roupa branca, que o detergente se põe no compartimento da esquerda e o amaciador no do meio, que o programa é X e que a porta só está mesmo fechada se fizer clique. Não basta pedir que façam a cama. É preciso lembrar que uma cama bem feita implica os lençóis de baixo esticados, as almofadas de dormir sacudidas e as almofadas decorativas (sim, aquelas que eles pensam que foram compradas para enfeitar o chão) cuidadosamente colocadas (não atiradas!) por cima da colcha ou edredão. Clareza é a palavra de ordem. Não deve haver margem para interpretações livres.

Há duas maneiras de fazer isto:

1) dando essas pequenas ordens (ou orientações técnicas, para não ferir susceptibilidades) logo quando o marido chega a casa, devendo no entanto dar tempo para que o desgraçado ao menos tire o casaco e se ponha confortável. Deste modo garantimos que "não se esquecem".

2) fazendo um quadro de tarefas, daqueles como algumas mães fazem para os filhos quando eles entram na idade de começar a ajudar lá em casa. Neste caso, a recompensa não é um chocolate mas sim a ausência de trombas e acusações, o que já é um enorme incentivo, não acham?

Comentários

  1. Corrigi a primeira parte do texto:

    Diz-se que na sociedade há os que mandam e os que obedecem. Pois bem, num casamento também, sendo que quem manda geralmente é o homem. Não digo isto de forma depreciativa para qualquer um dos géneros, e sou a primeira a defender a igualdade. Mas para que uma casa de família se mantenha um porto seguro, tem de haver alguém a pôr ordem nas coisas e, claramente, não são as mulheres, como nos mostra a história e a antropologia.

    O papel do homem, em diversas culturas, sempre foi mandar na casa. Nos tempos mais primitivos, mandavam as mulheres despacharem-se a assar a perna de mamute, mais tarde mandavam as mulheres despacharem-se a trazer o hidromel e, mais recentemente, mandam as mulheres despacharem-se a sair da frente da bola. Mas ao contrário do que se pensa, excepto nas classes privilegiadas, o homem não punha a mulher a trabalhar apenas pela casa: também a punha a trabalhar fora, fosse no campo, a servir, numa fábrica ou no comércio. Ou seja, o cérebro masculino, que já por si é de maior dimensão, o que faz com que o homem seja mais inteligente e ter maior capacidade de raciocínio, foi-se aperfeiçoando ao longo dos séculos, tornando-se mais eficiente nesta coisa de impor uma autoridade necessária a toda a família. Já as mulheres... Bom, as mulheres são supereficientes em quase tudo a que o homem as propõe.

    Não se deve esperar que um homem, depois de um dia de trabalho, chegue a casa e se aperceba imediatamente das infinitas tarefas que ainda há para mandar a mulher fazer. Eles não percebem que o cesto da roupa está cheio, que a loiça tem de ser arrumada nos armários, que aquele quadro está para ser pendurado há três meses, que a saboneteira está vazia, que o leite está a acabar. Não é por mal, acreditem. Na maioria dos casos (pelo menos nas gerações mais novas, em que se chega a pensar que a divisão de tarefas é algo normal), nem é por acharem que não têm essa responsabilidade. É simplesmente porque mandar parecendo que não cansa, e se há muito que fazer, é porque a mulher ainda não o fez, fugindo assim às suas responsabilidades.

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