Porque vou ao 12 de Março

Amanhã talvez seja um dia histórico. Talvez porque o "tuga" continua a ser muito brando. Quer que as coisas mudem, mas sem ter de fazer nada por isso. Gosta de se queixar, mal-dizer a vida que tem, culpar os políticos, os patrões, os vizinhos, mas agir, está quieto. E as gerações mais novas ainda são piores. Os menores de 25 anos estão completamente alienados da política e do país que os rodeia. Vivem num mundo cada vez mais virtual e só se preocupam com o seu umbigo. Pois espero que a manifestação de amanhã sirva exactamente para acordá-los. Acordar-nos a todos!

Já chega de queixas e lamúrias. Está na hora de agir. Está na hora de sairmos da nossa zona de conforto. De fazer valer os nossos direitos em vez de ficarmos no sofá porque o dia está chocho ou vai dar uma "cena" gira na televisão. É muito engraçado dizer mal do país e do estado das coisas, mas depois não ir votar com o argumento que o voto não muda nada. O voto que tanto nos custou a conquistar, sobretudo a nós, mulheres. É muito engraçado dizer que as condições de trabalho e os salários neste país são vergonhosos, mas depois não ir à manifestação porque não serve para nada. Sim, não é uma manifestação para derrubar o Governo ou impedir uma qualquer nova lei. É apartidária e pacífica. Mas, pelo menos, é uma forma de agitar as coisas e lembrar os nossos governantes de que foram lá postos por nós para fazerem o melhor para o País, e não o melhor para as suas reformas.

Vou à manifestação de amanhã por solidariedade e por genuína preocupação com o futuro desta geração, que no fundo também é a minha. Sou licenciada e comecei a trabalhar em 2002. Até há três anos também passei pelos estágios não remunerados e pelos recibos verdes. Hoje tenho um contrato e passei aos quadros da agência onde trabalho, mas sou mal paga para as minhas funções, não tenho nenhuma regalia, nem aumento desde que entrei. Nesta agência, como em tantas empresas dos mais diversos sectores, só há regalias para os amigos e eu estou longe de o ser. Falo demais. Digo as verdades que não querem ser ouvidas. Azar. A minha liberdade de expressão não tem preço e, se tivesse, certamente seria muito mais do que 1000 euros por mês.

Vou à manifestação de amanhã pela flexibilização das leis laborais e pela meritocracia. Pelo fim dos tachos e da exploração dos jovens. Por uma gestão empresarial humana e transparente, em vez da cultura do medo e dos prémios por baixo da mesa. Estas são as minhas razões. Espero que muita gente se lembre das suas e não tenha medo (nem vergonha) de ir para a rua.

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