Desapontamento
Não tem sido surpresa para mim descobrir que, à medida que os anos passam, a minha fé na espécie humana diminui. Ainda assim, com 31 anos, considero-me uma sonhadora e acredito que posso salvar o mundo. Pelo menos pequenas partes dele. Acredito que as pessoas, por mais burras e manipuláveis que sejam, uma dia vão mandar os seus líderes e governos à fava. E acredito que os discursos autistas e demagógicos desses líderes e desses governos vão deixar de funcionar, obrigando-os a fazer politica de outra maneira.
Gostava que esse dia tivesse sido hoje, quando ouvi o presidente dos EUA a discursar sobre a intervenção militar na Líbia. “Blá, blá, blá, não tivemos alternativa”, “blá, blá, blá, pela democracia”, “blá, blá, blá, para proteger os civis”. E ninguém na assitência se riu! Para proteger os civis? Têm todo o meu apoio se começarem no norte de África e forem descendo por ali abaixo, país por país, ditadura, por ditadura, genocídio por genocídio, mostrando que se preocupam também com os civis do Sudão, do Chade, da Serra Leoa, da Costa do Marfim, do Congo...
Não se riam. É óbvio que não sou assim tão ingénua nem tenho qualquer ilusão acerca do papel das instituições. Bem sei que, a cada intervenção militar, o Ocidente e a NATO só protegem os seus interesses económicos e, no caso da Líbia, os interesses são mais que muitos. Estão-se perfeitamente a borrifar para os civis. Já aceitei que o mundo é assim mesmo e que vai sempre haver guerra e sofrimento e que precisamos destas instituições para nos protegerem de mil e um males, etc e tal. Compreendo isso tudo. Só não compreendo porque é que os nossos líderes não podem ser minimamente honestos. Porque é que insistem em falar ao povo como se fossemos uma cambada de atrasados mentais. Sobretudo quando são líderes que outrora nos inspiraram e prometeram fazer as coisas de maneira diferente.
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