Escrever em tempos de cólera


O desafio foi lançado pelo jornal i: como é que eu, enquanto autora, tenho sido afectada pela crise que vivemos. Esta foi a minha resposta, publicada na edição de 25 de Agosto do dito jornal:

«No que toca à criação literária, e embora nos meus livros procure explorar temas mais intemporais e goste de contar histórias que deixem os leitores com um sorriso, é impossível ficar indiferente às angústias e aos sentimentos de medo e de revolta característicos de uma crise como a que vivemos. Ela acaba, assim, por influenciar o que escrevo, nomeadamente os textos mais curtos ou de opinião, onde reflicto sobre a actualidade e as pequenas coisas do dia-a-dia.

No que toca ao acesso e ao apoio à Cultura, durante uma crise, é inevitável assistir-se a uma diminuição dos mesmos. Os governos cortam os programas, as pessoas não têm dinheiro sequer para as coisas básicas, a pirataria aumenta, os artistas precisam de arranjar outros empregos para pagar as contas, os promotores culturais não arriscam... No meu caso pessoal, acabou por ser um factor decisivo para lançar o meu segundo livro de forma independente. As próprias editoras, que cada vez mais são geridas como um negócio, não têm margem de manobra para apostar em projectos sem garantia de retorno.

Infelizmente, enquanto a Cultura continuar a ser vista como um bem supérfulo, em vez de ser vista como uma vacina contra a ignorância, a intolerância e a maldade, vai sempre ser a primeira a sofrer com uma crise.»







Podem ler a peça do jornalista Duarte Garrido aqui

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